Vale a pena assistir a 4ª temporada da animação “Castlevania”, da Netflix?
Com a estreia de sua 1ª temporada em 2017, Castlevania chamou a atenção de muitos com a sua qualidade de animação e narrativas construídas com base no jogo Castlevania III: Dracula’s Curse (1989), da Konami. Em apenas 4 episódios, a série mostrou-se capaz de adaptar e inovar uma saga clássica.
Após o seu debut, não haviam dúvidas de que a Netflix iria renovar a sua produção animada e original para mais um ano. Não deu outra, no ano seguinte tivemos a estreia da 2ª temporada, a qual trouxe uma leva dobrada de capítulos e muitos personagens a mais para se explorar.
Com a sua 3ª temporada em 2020, Castlevania esteve em uma corda bamba onde o icônico vilão do universo em questão, o Conde Drácula, não estava mais presente como o antagonista principal. Entretanto, o diretor Sam Deats, junto de sua equipe de produtores e roteiristas, mostraram que este mundo não gira em torno de apenas um personagem de peso.
Com a criação e desenvolvimento de novos arcos e motivações para os já conhecidos personagens, e trazido ótimas adesões ao elenco de protagonistas, a 3ª temporada elevou ainda mais as expectativas para as sequências da série. Então, recentemente, tivemos o primeiro trailer da 4ª temporada. E, com isso, a confirmação do fim do seriado.
As influências e o fim de Castlevania, uma joia da Netflix
Muito se especulava acerca do futuro de Castlevania na Netflix. Como quantas temporadas iria ter e quais spin-offs estariam em consideração. Afinal, muitas vezes rasas, as histórias dos jogos se tornam muito mais profundas ao vermos a saga como um todo, onde vemos séculos de luta contra as forças das trevas.
Com mais de 20 jogos lançados pela Konami, até a 3ª temporada do seriado, pudemos perceber influências muito fortes no já citado Castlevania III: Dracula’s Curse, Castlevania: Symphony of the Night (1997) e em Castlevania: Curse of Darkness (2005). Ademais, a produção flerta livremente e criativamente entre outros jogos e a sua própria originalidade.
Em 2019, o produtor da animação, Adi Shankar, revelou ao IGN ter adquirido os direitos de outra saga de sucesso no mundo dos games, Devil May Cry. Nisso, ele ainda surpreendeu ao dizer que planejava mesclar as franquias em uma espécie de multiverso, o qual foi abordado pelo personagem St. Germain e o Corredor Infinito da 3ª temporada.
Após isso, não tivemos novidades acerca do projeto. Mas, junto de pontos que serão abordados mais para frente, entrega fios a mais de esperança para os recentes órfãos da animação de Castlevania, que chegou ao seu fim nesta última quinta-feira, dia 13 de maio, com seus novos e conclusivos 10 capítulos.
Onde é que estávamos?
Com a conclusão de mais uma estreia em 2020, fomos deixamos com ganchos muito mais melancólicos do que antes. Primeiramente, Trevor Belmont e Sypha Belnades passaram muitas situações de perigoso em uma jornada a dois. Isso desenvolveu os personagens e a sua relação como nunca antes. Mas, esse foi o ponto positivo de sua história.
Os dois caçadores e viajantes acabaram tendo um choque de realidade ao perceberem com absoluta certeza que os humanos também podem ser monstros, apresentando ameaças ainda maiores que as de costume, como os vampiros e as criaturas da noite.
Na outra ponta do icônico, porém, separado trio, acompanhamos Alucard. Após impedir os planos de seu pai, o Drácula, o mestiço teve de guardar os segredos de seu castelo e os da família Belmont. Com esse peso em mãos, o vampiro ainda teve de lidar com o fato de estar sozinho e sem rumo.
Ele então teve a oportunidade de ensinar dois jovens guerreiros muito promissores, enquanto aprendia o lado humano de sua natureza, junto deles. Mas, tudo se desmoronou ao perceber que eles apenas o usaram. Tendo sido traído e forçado a matá-los, Alucard passou a entender um pouco mais o porquê da ira e apatia de seu pai pela raça humana.
Fora isso, Hector enfrentou punições consecutivas por sua traição ao Drácula, até mesmo se tornando o escravo das 4 vampiras e governantas de Estíria, Carmilla, Morana, Striga e Lenore. Essas poderosas irmãs se provaram habilidosas, centradas, preparadas e agora, em posse de um Mestre de Forja, capaz de lhes entregar um exército completo.
Por fim, tivemos St. Germain e Isaac. Onde o primeiro, chegou mais perto de encontrar a sua amada, ao adentrar no Corredor Infinito. Já o segundo, mostrou ser o mais privilegiado entre todos. Isso pois em sua jornada, apesar de quebrar a cara e se decepcionar com as pessoas, ele evoluiu seus conceitos e conquistou seu próprio exército de criaturas da noite.
Onde é que estamos?
Com vários ganchos deixamos pela temporada anterior, a 4ª temporada de Castlevania possuía um potencial gigantesco em mãos, o que deixou todos os fãs muito empolgados e curiosos. Entretanto, com a revelação de que essa seria a temporada final do seriado, também foi possível perceber que essa também teria uma estrondosa responsabilidade em mãos.
Sem motivos aparentes, a Netflix enterrou o futuro desta incrível adaptação, apesar de já ter dado esperanças de um futuro spin-off. Agora, com arcos totalmente distantes uns dos outros, os profissionais da Powerhouse Animation Studios tiveram de quebrar a cabeça para entregar conclusões satisfatórias de forma apressada.
Claro, estes podiam ser os planos de tempos no acordo entre streaming e estúdio. Só que, com vários tropeços ao longo da temporada – que não tínhamos visto sendo cometidos anteriormente – é possível concluir que os criadores tiveram que apressar as coisas. O que não prejudicou a obra no geral, mas, sim, em pontos individuais.
Agora, a história gira em torno de núcleos que, em sua maior parte, se baseiam no conceito já tão conhecido (dos jogos da saga) de trazer o Drácula de volta à vida. Nisso, em uma montagem de eventos prévios, vemos um resumo do que Trevor e Sypha fizeram no lapso de tempo de um mês e meio desde sua última aparição.
O mesmo ocorre com St. Germain, que vemos saindo do Corredor Infinito, mais uma vez com a missão de resgatar a sua amada. Mas, desta vez, contando com a futura ajuda de Drácula, que ele e outros vampiros, como os novatos Ratko e Dragan, desejam trazer de volta do inferno. Cada com os seus próprios motivos.
Do outro lado, temos Hector à espera de Isaac, que ele pensa buscar vingança, mas apenas deseja eliminar a ameaça das irmãs de Estíria. Estas, por sua vez, estão cada vez mais dividas, enquanto Morana e Striga discutem seu relacionamento, Leonor questiona a sua importância e utilidade e, Carmilla, eleva suas ambições de domínio para níveis globais.
Alucard e o seu recomeço
Já que os pontos principais da premissa desta 4ª temporada foram comentados, vamos analisar o arco de cada personagem separadamente. Começando por Alucard, que agora apresenta inconsistência em suas ações. Afinal, como foi dito anteriormente, estava prestes a trilhar os caminhos de seu pai.
Mas aqui, logo de início, vemos um personagem que transparece muito mais empatia do que deveria. Claro, essa é a sua natureza, desde várias histórias do material base até mesmo nas temporadas anteriores. Mas, acredito que o seu desenvolvimento tenha sido acelerado por conta da urgência em finalizar a série.
Devíamos ter visto um pouco mais de relutância ao acatar pelos pedidos de outros seres humanos. A sua confiança na humanidade havia sido abalada com muita força, e não poderia ser esquecida em tão pouco tempo. Mas é claro, com o tempo e recursos que o estúdio tinha em mãos, não podemos julgar tanto assim o trabalho realizado.
Alucard buscava propósito em sua vida, algo que fosse além de ser uma mero guardião para os legados de sua família e dos Belmont. Ao final, ele conquistou o que tanto almejava e merecia. Porém, o caminho até lá, novamente, foi muito rápido. Isso acontece após ele ir atender o pedido de ajuda de uma vila próxima.
Lá, ele encontra os sobreviventes que moram no local, uma caravana de pessoas desabrigadas, St. Germain com suas mais duvidosas intenções e a nova personagem, Greta. Essa última, passa a impressão de ser um possível par romântico para o mestiço. E isso poderia funcionar muito bem, com tempo e desenvolvimento. O que não tivemos.
Ao fim, é satisfatório encontrar Alucard em uma posição de privilégios e segurança, junto de Greta e o seu povo, que agora vivem ao arredor do castelo. Com muito mais referências aos jogos em seu estilo de combate – como o seu escudo, forma de lobo, asas e morcegos –, o fim da jornada de Alucard em Castlevania é satisfatório, mas poderia ser melhor se não fossem pelos empecilhos de produção.
As 4 de Estíria e o seus destinos
Com a sua apresentação na 2ª temporada, Carmilla se mostrou uma vampira cheia de ambição. Tanto que acabou sendo uma das responsáveis pela desestabilização dos exércitos de Drácula e companhia. Além disso, foi ela quem manipulou Hector à trair o próprio rei da noite.
Na temporada seguinte, tivemos a apresentação de suas irmãs e de sua terra. Striga era uma general muito habilidosa em combate, Morana era uma ótima estrategista e Leonor, por sua vez, se destacava em questão da diplomacia e manipulação. Juntas, as 4 governantas pareciam imbatíveis.
Então, com suas personalidades estabelecidas, esperávamos o desenvolvimento de seus subplots, especialmente das duas vampiras amantes, Striga e Morana, que acabaram não recendo foco na temporada anterior. Mas e agora? Só mais 10 episódios pela frente, o que veremos delas?
Essas foram perguntas que circularam minha mente na primeira metade da temporada. E, apesar de termos cenas de diálogo bem construídas entre as duas e uma batalha visualmente deslumbrante em plena luz do sol. Não passou disso. Ambas decidem que Carmilla está muito obsessiva e que preferem a companhia uma da outra.
Ao meu ver, essa pode ser uma das muitas finalizações que levam uma esperança de retorno em um possível projeto no futuro. Mas isso não é o suficiente. É triste, pois as personagens tinham muito mais a dar, e não foram bem aproveitadas.
Já Lenore, essa personagem conseguiu ter uma trajetória final bem explorada. Após o seu protagonismo na temporada anterior, a vampira parece estar vagando sem direção. Segundo a mesma, não há mais necessidade para diplomacia. O que a torna inútil para os planos estabelecidos, ainda mais naqueles em que Carmilla está bolando por conta própria.
Sem rumo e com a confiança em sua irmã gravemente fragilizada, a personagem se encontra impotente, pela primeira vez em muito tempo. Ao final, decide acabar com o próprio desalento, invés de viver sua vida aos comandos de outros. Sua cena de despedida é emocionante, até mesmo surpreendente.
Carmilla, soberana e casca grossa
Não temos como negar, Carmilla foi o ponto alto de toda a trama envolvendo Estíria. Digo isso de uma forma geral, desde o surgimento do plot de controle de rebanho humano. Ela é cheia de si, e com razão. Aqui, podemos fazer uma alusão muito propícia ao polêmico final de uma das maiores séries de todos os tempos: Game of Thrones.
Associar Castlevania à produção original da HBO não é algo difícil. Ainda mais se formos comparar suas retas finais, que trazem muitas subtramas, mas carrega dois plots de maior peso como seus principais. Com Carmilla, não podemos deixar de lembrar de Daenerys Targaryen, que acabou por “enlouquecer” de poder no final da série.
Carmilla acaba colidindo com o mesmo caminho de destruição e vontade de poder. Só que, diferente de GoT, Castlevania tem todos os porquês para essa decisão. A vampira possui um passado de ódio pelos homens. Ela presenciou o mais poderoso vampiro da história confiando em dois homens. E, vivenciou a falta de ambição de suas irmãs de perto.
Tudo isso lançou a ideia de domínio total em sua cabeça. Uma decisão totalmente coerente com a sua narrativa até então. Então, Isaac chegou e impossibilitou por completo todos os seus planejamentos. Nisso, ela tem de lutar por sua vida, mas perde após muita luta. Luta a qual, é sem sombra de dúvidas uma das melhores entre as muitas da temporada. Até mesmo entre todas da série.
O cenário da batalha final. A trilha sonora. O clima de tensão, desespero e urgência estabelecidos. Tudo isso culminou em Carmilla e Isaac lutando até a morte. Com visuais novos para a produção, ainda mais inspirados em técnicas de anime, Carmilla mostra o seu verdadeiro potencial como uma das mais poderosas vampira de Castlevania.
E para encerrar com chave de ouro, ela não abaixa o seu ego nem em seus instantes finais. À sua vista, ninguém é digno de ter em mãos a sua morte. Então, ela decide matar a si mesma, cravando sua longa espada escarlate em seu coração. Mas não só por isso, também em uma última tentativa de ferir Isaac e seus demônios com um ataque explosivo.
Simplesmente épico.
Hector e Isaac, forjadores e lendas
Ainda em Estíria, temos Hector como escravo das 4 vampiras. Elas o aprisionaram através de um anel mágico, e agora querem que ele crie um exército de criaturas da noite, utilizando suas habilidades como Mestre de Forja. Nisso, vemos uma história de vingança e redenção com muito potencial.
Ao fim, a resolução da história de Hector é satisfatória e coerente com o personagem, mas não com o seu desenvolvimento atual. Com o passar de mais tempo, Hector poderia muito bem se tornar confiante e então, bolar o plano que o vemos executar na 4ª temporada de Castlevania. Entretanto, só temos o passar de um mês e meio.
Nesta marca de tempo, não teria como o homem abatido, traído e escravizado da 3ª temporada se tornar quem vemos aqui. Novamente, isso não é impossível. Na realidade, seria muito provável de acontecer. Mas apenas com mais tempo. O que essa e todas as outras tramas não tiveram.
Agora, indo para o lado oposto disso, tivemos a finalização da jornada de Isaac. Após derrotar o exército de um mago mega overpower, o personagem decide contemplar e refletir sobre alguns de seus maiores dilemas, envolvendo a simpatia e empatia que antes não existiam em sua mente, em questão da humanidade.
Em posse de um exército ainda maior, ele decide agir de modo altruísta ao reconstruir a cidade desolada por sua última batalha. E então, ele segue rumo ao castelo de Carmilla, em busca de eliminar a maior ameaça que o mundo possuí atualmente. Nisso, Estíria não tem defesas suficientes ou páreas para as hordas e habilidades de batalha de Isaac.
Quem também sucumbe ao personagem é a própria e tão elogiada Carmilla. Pois após poupar Hector em seu reencontro, o que leva a momentos de interação muito bons e que víamos há tempos entre os dois, ele vai batalhar com a líder do local. Derrotando-a com suas técnicas de combate corpo a corpo e demônios de elite.
Os últimos momentos de Isaac nos dão a entender que ele irá se tornar o novo soberano de Estíria. Todavia, não vai manter o reinado de medo e opressão de suas antecessoras. Em vez disso, escolhendo um caminho de paz e prosperidade. Assim como Hector, que decide escrever livros para ensinar sobre os seus erros e os dos demais às futuras gerações.
Saint Germain e Morte, as colas que grudam toda a temporada
St. Germain foi uma peça fundamental para o desenvolvimento do arco de Trevor e Sypha na 3ª temporada. Além disso, ele trouxe um assunto muito maior e bem vindo para a narrativa deste universo. Foi ele quem apresentou o conceito de multiverso em Castlevania, algo muito comentado hoje em dia.
Com a sua busca através do Corredor Infinito, o personagem é a cola que gruda toda a temporada final da animação. Ele está envolvido em todos os plots, diretamente ou indiretamente. Apenas sendo obsoleto na execução dos planos das vampiras e de Isaac.
Muitos podem estranhar a mudança de viés do personagem, mas não podem questionar a coerência dela. Ele é um homem desesperado, em busca de seu amor perdido, e fará de tudo – até mesmo trazer a maior ameaça de todos tempos de volta à vida – para ter o que deseja.
Em meio a sua história, temos a presença constante da Morte, que se disfarça de duas formas: a Alquimista misteriosa que lhe entrega a chave e Varney, o vampiro de Londres e ex-membro do alto escalão do exército de Drácula.
A introdução da Morte na história não vem do nada. Trevor e Sypha têm um momento de discussão sobre a entidade, o que já planta a semente de sua provável aparição. Porém, a revelação de suas identidades no penúltimo episódio, é um dos pontos altos da trama dessa temporada.
Ainda, essa aparição era ainda mais esperada pelos fãs dos jogos, já que o personagem é um dos aliados mais fiéis e presentes de Drácula através da saga. Aqui, após o plottwist do envolvimento da personagem nos planos de trazê-lo de volta à vida, St. Germain imediatamente se arrepende de suas escolhas.
A despeito do clichê disso, quando Germain recobra a sua consciência acerca de suas ações, temos entregue o fim de seu arco. O qual é louvável por não entregar à ele o que ele tanto buscou – fugindo do clichê criticado agorinha – e por auxiliar na conclusão da história de Trevor. O que também lhe dá um ar de redenção.
A batalha final entre Trevor e Morte é algo de encher os olhos. Visualmente deslumbrante e totalmente épico. Tem os seus exageros aqui e ali, mas é perfeita como a última luta do herói no seriado.
Trevor e Sypha, construtores de um novo mundo
Sendo os personagens mais antigos da animação a ainda estarem juntos, Trevor e Sypha têm a sua relação ainda mais desenvolvida. Agora podemos vê-los no espectro de um casal que caça monstros. Com ainda mais discussões e, sem falar de um final feliz muito merecido. Mas, já vamos chegar lá.
Como ainda não comentei o quanto a qualidade de animação teve um salto nessa temporada, vou inserir isso no contexto da evolução das habilidades e poderes destes dois personagens. Desde sempre, Castlevania proporcionou algumas das melhores cenas de ação do mercado de animação, mas estas sempre foram pontuais na trama.
Desta vez, temos muito mais ação em tela. A frequência destes momentos é muitas vezes protagonizada pelo casal. Trevor demonstra ainda mais perspicácia em combate, lidando com diversos tipos de monstros e seres superpoderosos no mano a mano. Ainda, adquirindo mais armas e ferramentas que referenciam itens clássicos dos jogos.
Sypha, por sua vez, é o ponto de maior evolução em questão de combate até então. Tendo o seu potencial arranhado no início do desenho, a oradora agora transcende tudo que já demonstrou até o momento. Dando uma aula de como dominar elementos de forma correta para qualquer dobrador de Avatar ou Sombra e Ossos.
A maestria em coreografias e criatividade nas cenas de luta podem ser percebidas ao entramos nas redes sociais e no YouTube, onde há vídeos e mais vídeos com os mais emblemáticos momentos de euforia visual da animação. Isso deixa qualquer um empolgado para ver qualquer outra produção que carregar os nomes dos envolvidos em Castlevania.
Ao final, os dois personagens encerram seus arcos como heróis de forma monumental. Sypha não só adquire habilidades mágicas relacionadas à eletricidade, mas também usa de seus conhecimentos como oradora para direcionar povos rumo ao desenvolvimento e prosperidade. Além de carregar em frente o legado dos Belmont, por conta de sua gravidez.
Já Trevor, este transcende muito além do que poderíamos imaginar daquele bêbado, desajeitado, perdido e folgado da 1ª temporada.
Ele derrota a própria Morte, duas vezes. Já que ele também a dribla quando todos pensam que o seu fim chegou. Em resumo, Trevor Belmont se consolidou como um dos maiores heróis do mundo das animações.
O futuro de Castlevania e a segunda chance de um vilão
Com a ideia de um possível retorno para o Drácula estabelecida logo no primeiro trailer da série, não era de esperar menos do que um plottwist envolvendo o conceito. E nisso, tivemos a revelação do plano da morte, o arrependimento de St. Germain e o fracasso de tudo isso.
Em base, Germain iria trazer as almas de Vlad e Lisa Tepes direto do inferno, para canalizá-las em um corpo hermafrodita que potencial nunca antes visto. O que iria ajudá-lo a controlar o Corredor Infinito. Porém, a Morte planejava fazer isso com a convicção de que a nova entidade iria enlouquecer e causar caos e morte pelo mundo.
A resolução disso foi a falha no projeto, devida a intervenção de Trevor. Porém, no último capítulo da temporada, vemos Vlad e Lisa vivos e em seus corpos originais. Essa surpresa pode bugar as nossas cabeças de primeira, mas imediatamente enche os nossos corações com a imagem deste casal, enfim reunidos.
Sem explicações aparentes de como isso ocorreu, a animação dos deixa com a dica de que os dois irão viver suas vidas de forma pacífica e feliz, juntos para sempre. Ou, até que a morte os separe, novamente. Esse fim deixa a última temporada ainda melhor do que já estava, pois remete à simpatia que tivemos com os dois apaixonados, lá no início de tudo.
Todas estas conclusões deixam em aberto várias questões, só que sem deixarem pontas soltas na progressão de quaisquer narrativas construídas para cada personagem. Este ponto, junto de muitos outros elogios feitos até então, sobressaem-se aos tropeços dados nesta 4ª temporada de Castlevania.
E o futuro do seriado? É simples, ele não terá. É possível que o universo criado nele tenha mais desenvolvimento em outras produções. Onde poderemos até mesmo dar um “olá” para alguns destes personagens. Quem sabe, não é mesmo?
O que nos resta é agradecer por ter acompanhado uma jornada repleta de paixão e profissionalidade por trás de seu desenvolvimento. Mesmo com um fim abrupto e bem corrido, tivemos entregue algo muito mais que satisfatório. Tenho a certeza de que com tempo – pelo menos uma temporada a mais –, teríamos algo perfeito.
Mas este algo que tivemos, essa primeira adaptação de Castlevania, está marcada na história como uma das melhores adaptações de vídeo game já feitas. Valendo a pena ser vista de novo, ocasionalmente.